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0119. Auschwitz

0119. Auschwitz

Auschwitz a

Ouvi[1], a propósito dos 75 anos da libertação de Auschwitz, que…

“Um homem não é homem sem visitar Auschwitz…” que “não se compreende o Holocausto sem visitar Auschwitz…”  e que “só assim se pode compreender a Natureza humana e os seus lados mais sombrios…”[2]

Auschwitz não se compreende.

Auschwitz nunca se compreenderá.

Compreende-se o que cada um compreende sobre Auschwitz.

Só quem, nessa altura, lá esteve,

Terá verdadeiramente compreendido,

Tendo ou não sobrevivido.

Ir lá,

Ver com os próprios olhos,

Ver aquele arrepiante local de morte e extermínio…

Ver aquela “máquina de triturar ser humanos…”[3]

Ajudará certamente a imaginar.

Ir lá,

Presenciar e pisar com os próprios pés,

Presenciar e sentir os destroços daquele passado,

Presenciar e pensar os monstros daquele pesadelo,

Ajudará certamente a imaginar.

Ir lá,

É precisamente, por enquanto, a minha intenção.

Quero sentir toda aquela dimensão,

Quero imaginar aquele horrível massacre,

Quero pensar aquele ignóbil genocídio,

Quero confirmar toda esta medonha história da humanidade.

Preciso realmente compreender melhor a natureza humana.

Preciso realmente compreender a mente de alguns humanos.

Preciso realmente compreender como e porquê, ali, naquele local,

Seres humanos,

Matavam vinte mil seres humanos por dia?

Matavam vinte mil semelhantes por dia?

Sem que sequer um alarme

Surgisse na sua mente, demente…

Auschwitz foi “levado a cabo por homens absolutamente comuns…”[4]

Auschwitz foi executado por “pessoa educadas… bons pais de família”[5]

É verdade!

Mas “cegaram”.

Cegaram absolutamente.

Cegaram pelo racismo entranhado…

Cegaram pela obediência indiscutível…

Cegaram pela disciplina férrea…

Cegaram pela crença inabalável…

Cegaram e transformaram a natureza humana,

Em natureza desumana.

“Não estamos livres que um dia tal se repita…”

É verdade!

Não estamos livres que um dia tal se repita!

Agora mesmo,

Neste momento presente,

Vemos seres humanos matar os seus semelhantes.

Por isso é preciso contar a toda a gente o que ali aconteceu.

Por isso é preciso que toda a gente saiba o que ali aconteceu,

Citando Saramago:

Auschwitz não está fechado, continua aberto e as suas chaminés continuam a soltar o fumo do crime que todos os dias se perpetra contra a humanidade mais débil. E posso assegurar-te que não quero ser cúmplice, com o meu cómodo silêncio, de nenhuma fogueira.”[6]

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Autor: Carlos Silva
Data: 2020-01-27
Imagem: Internet
Obs: Direitos reservados.
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[1] Observador

[2] Observador

[3] Observador

[4] Observador

[5] Observador

[6] José Saramago, in “Conversaciones con Saramago”, de Jorge Halperín

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