0026. Linguística
Descobri a Linguística…
Depois da Língua, descobri a Linguística… e neste agradável esforço cognitivo de compor, comecei também a ponderar o próprio desempenho linguístico (especialmente a verbalidade), na possibilidade de não me limitar a pensar da forma simples e libertina que descuidadamente sempre tenho vindo a adotar…
Um exíguo esforço… (porque não?) por uma linguagem algo mais estruturada, mais metódica e sobretudo mais cuidada…
Usar adequadamente a língua é inegavelmente benéfico não só à dimensão do Meu-mundo, mas especialmente à assimilação do que eventualmente o deseje abraçar e abarcar…
Usar adequadamente a língua é inegavelmente indispensável ao domínio e articulação… ao desenvolvimento e organização de capacidades intelectuais e fundamentalmente a uma maior facilidade de assimilação e conhecimento, de intervenção na realidade exterior e interior… -consequentemente uma melhor e mais perfeita comunicação…
“A linguagem define o homem” – li algures – “é através dela que o homem se assume perante o seu mundo”; o seu pensamento, as suas ações, os seus sentimentos…
Enfim, quem diria… eu aqui fazendo uma pequena e metódica divagação sobre o meu próprio discurso… procurando comunicar o melhor possível para satisfazer toda esta insaciável necessidade, este estado de emoção psíquica… e transformar em palavras audíveis todos os conteúdos de consciência, que, em determinados momentos, a vida nos oferece pensar…
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Que desmedida satisfação esta de escrever sobre o que escrevo e sobre a forma mais ou menos correta como o faço!
Não é, realmente, fácil estabelecer objetivamente uma correspondência formal entre a linguagem e a realidade interior[1] e uma eventual exterior[2], mas é uma delícia este lutar constante com as regras e ver como dos signos emergem mares de conteúdo…
Agora…
Não quero sofrer a incapacidade…
Não quero sofrer a complexidade…
Não quero sofrer a imensidade…
Agora…
Apenas pretendo evitar a incorreção… descrever o mais concretamente possível a simples proposição: Água… e a vontade inerente, objetiva, mais elementar e transparente dos líquidos: a sede… a sede de viver!
E tenho sede!… tenho muita sede!
Tenho necessidade não apenas do precioso líquido, mas, sobretudo, tenho sede de expressar e compreender logicamente o que sinto e penso!
Não é de todo perfeitamente linear transmitir conceitos abstratos, sem induzir interpretações divergentes, ou mesmo até conduzir ao próprio erro, mas, o uso da forma mais correta possível da linguagem escrita ou verbal, simplifica a sua assimilação uma vez que é através dela que acabamos por esclarecer/compreender conceitos como Razão, Lógica, Verdade… até mesmo o equívoco ou a própria banalidade do pensamento!
O signo é hoje pouco “conhecido”, de muito difícil formulação e de mais difícil assimilação… e é do seu desconhecimento que muitas palavras como estas não são minimamente percetíveis!
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Autor: Carlos Silva
Data: 1996-11-19
Imagem: Internet
Obs: Tenho sede… tenho muita sede!
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