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0085. Abandono

Abandono

Abandono a

Aaaaaaaaaaa!…[1]

Satisfação…

Abandono…

Abandono total…

Não quero pensar!

Silêncio…

Eis que o tempo de pensar se impõe…

Irrompem fugazes sensações de quase-pensamento…

Silêncio…

Penso que sinto uma insignificante imagem carnal….

Sinto que penso uma insignificante cópula mental…

Satisfaz-me pensar esta mera corporação escrita d’ inútil significado…

Satisfaz-me pensar o repouso neuronial desta cópula mental…

Satisfaz-me a plena liberdade física e mental…

Satisfaz-me este abandono…

Silêncio…

Abandonado por tempo ao destempo…

Como se não existisse tempo… nada!…

“Há metafísica bastante em não pensar em nada”[2]

Basta ficar assim… abandonado…

Silêncio…

Que importa o universo racional dum ato de amor?!

Que importa retê-lo em mente…

Se ainda o tenho no corpo!

Ínfima sensação… -que me devorou…

Dele resta apenas, literalmente, estes pedaços de Amor…

Abandono…

Abandono total…

Não quero pensar!

Silêncio…

--- / ---
Autor: Carlos Silva
ata: 1995-08-17
Imagem: Internet
Obs: 
Direitos reservados.
--- / ---
[1]Orgasmo
[2] Frase que me ficou na retina quanto li Alberto Caeiro

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