0113. O sono da razão
- carlosagora
- 19 de mai. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 11 de jan.

Titula um dos mais célebres desenhos de Goya que…
“O sono da razão produz monstros”.
Sobre o mesmo já na altura Freud observava…
“É uma crítica à Espanha dominada pela ignorância, pelo despotismo, pelo desrespeito pela vida humana, pelo fanatismo religioso, pela miséria e pela falta de perspetivas” ...
Na realidade, Goya alertava-nos para os “monstros” que advêm do “sono” do ser.
Para o facto desse “sono”, terem resultado algumas das maiores tragédias da humanidade.
Para o facto desse “sono”, aflorarem religiões, crenças, seitas e mitos, normalmente perpetradas por deuses, profetas ou videntes…
Para a necessidade de lutar contra a superstição e a ignorância…
E tal tem sido a sonolência que, nos dois últimos milénios, surgiram gigantescos mantos de obscurantismo e fanatismo que ensombraram praticamente toda a sociedade.
Em pleno século XXI, estes “monstros” continuam…
Observam-se multidões em delírio e completamente possuídas… lutas fratricidas entre hipotéticos “bem” e “mal” … prometem-se “paraísos”, “infernos” e “virgens” … assiste-se a “salvações divinas”, a “punições públicas”, a maior parte das vezes com contornos sanguinários e de estrema crueldade; algumas absolutamente ridículas e irracionais, incompatíveis com o pensamento racional e com o rigor científico.
Não é preciso retroceder assim tanto na histórica da humanidade para identificar alguns “monstros” que resultaram deste “sono” …
As Cruzadas com seu espírito belicista, expansionista e de inspiração cristã …
O Jihadismo islâmico com as suas lutas radicais em nome da “fé” e da “perfeição” …
Mais recentemente, “Mahaj Ji, Sun Myung Moon, entre tantos…
“Religiões”, “seitas”, “crenças”, “tradições” … têm, ainda hoje, profundas raízes culturais e ancestrais, vincadas e institucionalizadas no tecido social, de tal forma tidas como verdades absolutas, que, questioná-las ou desacreditá-las seria sacrilégio ou imoralidade… nalguns casos punidos com a própria vida!
Normalmente instituem como prática corrente a violência, corrigem e punem severamente os transviados. Exercem implacavelmente a autoridade, a submissão à ordem estabelecida, a exploração económica, o fundamentalismo, o paternalismo… em último caso, assumindo-se como representantes do bem, da moral pública e da verdade absoluta.
Quase todas perpetuam cultos ou ritos baseados nos mitos que produzem…
Quase todas condenam e desclassificam os “infiéis” ou os “hereges” que não as seguem…
Quase todas geram servilismo, ignorância e parasitismo…
Monstruosidades cujas feridas ainda nem sequer sararam completamente e que não podemos ignorar ou esquecer…
Auschwitz, na Polónia…
O maior símbolo do Holocausto perpetrado pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. Nunca antes se tinha visto, de forma tão estrema, tão descomunal fascínio pela morte, tão descomunal desprezo pela vida humana… Seres humanos a incinerar seres humanos (ditos judeus, comunistas…) em fornos crematórios… a exterminar etnias e culturas… convictos que eram inimigos do “regime” e que cumpriam o dever de defender a sua Pátria.
É, inequivocamente, deste “sono” que resultam os “monstros”!
Autor: Carlos Silva
Data: 2018-06-18
Imagem: Internet
Obs:
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