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0179. “Cidadão exigente e ativo”

0179. “Cidadão exigente e ativo”

179. Cidadão exigente e ativo

Ouvi hoje, inadvertidamente, numa rádio e vi posteriormente numa televisão nacional, um pontífice da igreja católica, de nome Marto, afirmar que são necessários “cidadãos exigentes e ativos para fazer face a populismos” e que “a classe política deve mostrar que tem classe” …

Falava a propósito do elevado índice de abstenção das eleições do passado domingo… que, segundo o mesmo, “denota um défice democrático” … e que “a democracia tem que ser construída com o contributo de todos, perante as ameaças que chegam diariamente, através de ondas de choque populistas”.

Confesso que o seu apelo me conduziu às palavras que aqui deixo que não são mais do que uma mera opinião de um cidadão “exigente e ativo”.

Por conseguinte:

Primeiro,

A igreja católica (“religião”) continua a não se abster de se imiscuir no poder político;

O que é que a igreja católica (“religião”), sem retirar o legítimo direito de opinião pessoal, tem a ver com política?

Como alguém antes já disse: “À política o que é da política… à “religião” o que é da “religião…”

Segundo,

Se a classe política não tem “classe”, quem, afinal, tem realmente classe?

A avaliar pelas palavras, pela pose e sobretudo pela imagem de fundo… será a igreja católica (“religião”)?

Terceiro,

“Notas para a imprensa”, “entrevistas nas rádios e nas televisões”, “comentários a eleições democráticas”, “críticas à classe política…”, “ameaças de populismo…”

Não serão formas de populismo?

Não serão formas de procura de protagonismo?

Ou simplesmente formas de publicidade para o evento religioso de Fátima?

Quarto,

Olhando para a “classe política”, tendo em conta o que até agora pude constatar, não vi nem ouvi a mínima reação de indignação…

Parece que ninguém da classe se sentiu indignado com a “falta de classe”.

Muito menos o senhor presidente, também ele fiel devoto da causa, a avaliar pela maioria da imprensa, um “populista” ao mais alto nível.

Quinto,

Não querendo ser defensor da denominada “classe política”, que eventualmente poderá ter “falta de classe” por muito prometer e pouco realizar… por pouco prevenir e punir relativamente à corrupção… e de tal advir, suponho, a elevada taxa de abstenção…

No entanto, há que realçar: trabalham com leis, com pessoas… gerem o país… gerem dinheiros dos contribuintes… e tal são factos absolutamente objetivos!

Sexto,

A igreja católica (“religião”), além de isenta de impostos, vive do dinheiro dos contribuintes… do dinheiro dos seus seguidores… do dinheiro da exploração exaustiva de uma imagem fictícia…

A igreja católica (“religião”), neste caso de Fátima, trabalha com milagres… com o “Centenário das Aparições” …

Sétimo,

Emparelhada nesta mesma importantíssima notícia, vinha outra, não menos importante, largamente publicitada na comunicação social…

“Começa hoje a Peregrinação internacional no Santuário de Fátima, numa celebração presidida pelo arcebispo de Seul, o cardeal Andrew Yeom Soo-jung.”

Numa nota de imprensa enviada no início do mês, o Santuário de Fátima lembrava que…  “no ano do Centenário das Aparições, uma das imagens da Virgem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima esteve na Coreia do Sul, entre 22 de agosto e 13 de outubro, tendo percorrido 14 dioceses, numa visita sem precedentes”.

Oitavo,

A forma como as palavras deste e de outros pontífices são amplamente realçadas e divulgadas em toda a comunicação social;

A forma como este e outros eventos ditos religiosos são amplamente realçados e divulgados em toda a comunicação social;

Será realmente a “prestação de um serviço público”, ou o seu contrário?

Não será esta a mais temerária forma de populismo?

Ou será simplesmente falta de racionalidade humana (inteligência)?

Último,

Alguém disse que “um homem sem deus não é nada…”

Eu sou alguém… pelo menos enquanto por aqui estiver!

Não estaria aqui a dar a minha opinião de cidadão livre… “exigente e ativo”, com sentido critico, que não acredita no pai natal e muito menos em absurdas divindades!

Afinal,

Deus sem o homem, sim não é nada!

Ou como disse o ser humano Saramago:

“deus não precisa do homem para ser nada, exceto para ser deus”.

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Autor: Carlos Silva
Data: 2019-10-12
Imagem: Internet
Obs: Direitos reservados. 
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