Dizia em 2010, o então vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. António Marto que em Portugal “não existem casos concretos de pedofilia no seio da igreja Católica e que não se justificava a criação de uma Comissão" para analisar a questão.
Nesse mesmo ano, em Assembleia Plenária na Conferência Episcopal Portuguesa, em Fátima, os bispos descartaram completamente a possibilidade de ser criada a dita “Comissão”.
Referiram apenas, em comunicado, que estavam "atentos à situação" assegurando que se orientavam pelas “instruções do Vaticano”, datadas de 2003, que referem que "o responsável primeiro é o bispo da diocese, que terá de receber as denúncias, verificar se têm fundamento e posteriormente instaurar o processo, respeitando a lei civil de cada país".
Após a divulgação de inúmeros escândalos de pedofilia no seio da Igreja Católica por todo o mundo, de grande pressão social, eis que é finalmente criada em Portugal uma “Comissão Independente” para analisar os casos de pedofilia no seio da Igreja Católica.
Entretanto “A Comissão Independente” tornou públicas as conclusões do seu trabalho levado a cabo durante o ano de 2022.
Eis, em síntese, algumas das suas principais conclusões:
- A Comissão estima um universo, “no mínimo”, de 4.815 vítimas de abusos no contexto da Igreja;
- Foram validados 512 testemunhos (apesar de terem sido recebidos 564);
- Foram remetidos 25 casos ao Ministério Público;
- 14,3% dos abusos ocorreram nos confessionários;
- 48% das vítimas falaram pela primeira vez sobre os abusos de que foram vítimas à Comissão Independente;
- 77% dos agressores eram padres;
- Só 4% das vítimas reportaram as situações de abuso às autoridades;
- A Comissão termina, ainda em fevereiro, uma lista dos “abusadores ativos”, que vai enviar ao Ministério Público e à Igreja;
- Lisboa, Porto e Coimbra são os distritos com mais casos reportados (mas “os abusos estão espalhados por todo o país”);
- Quase 60% dos abusos aconteceram entre as décadas de 1960 e 1980;
- A Comissão só teve acesso aos arquivos da Igreja sete meses depois do início do início do estudo;
- 19 bispos foram entrevistados pelos membros da Comissão — o que significa que duas dioceses não responderam (um bispo e um administrador diocesano);
- Comissão sugere alargamento do prazo de prescrição dos crimes de abusos sexuais para o momento em que as vítimas perfaçam 30 anos de idade (atualmente, esse prazo está nos 23 anos de idade);
- De acordo com um conjunto de 217 estudos consultados pela Comissão, 18% de meninas e 8% de meninos são abusadas até aos 18 anos (por familiares, educadores ou outros).
Autor: Carlos Silva
Data: 2023-02-13
Imagem: Internet
Obs.:
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