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0214. Touradas



Circula na internet uma petição dirigida à Direção-Geral do Património Cultural Comissão Nacional da UNESCO “contra a classificação da tauromaquia como Património Cultural Imaterial de Portugal”


Que refere:

“Os cidadãos abaixo-assinados manifestam a sua oposição à classificação de qualquer atividade tauromáquica (touradas, forcados, etc.) como Património Cultural Imaterial de Portugal.

Consideramos que a violência contra pessoas ou animais não pode ser promovida nem incentivada num país civilizado, e que as touradas são uma prática que, apesar de manter raízes em algumas regiões do nosso território, incluem episódios de grande violência tendo como vítimas os touros, os cavalos e as crianças que são expostas a este tipo de violência.

Considerando ainda que:

1) As touradas são um espetáculo violento que provoca vítimas mortais e acidentes de grande violência com dezenas de feridos, e por vezes mortos;

2) As touradas foram incluídas no último relatório de avaliação do cumprimento da Convenção dos Direitos da Criança das Nações Unidas, no capítulo "violência contra crianças";

3) As touradas incluem sangue verdadeiro, atos de violência e maus tratos a animais;

4) A nossa sociedade tem evoluído no sentido da erradicação da violência e da crueldade com os animais;

5) As touradas são uma tradição enraizada apenas em algumas regiões específicas, minoritárias, do território e são cada vez mais os municípios e cidadãos que as contestam;

6) As touradas não são aceites internacionalmente e não contribuem para a imagem do nosso país no estrangeiro;

Apelamos aos decisores políticos do nosso país que não incluam as touradas e/ou qualquer vertente da tauromaquia na lista de Património Cultural Imaterial de Portugal.

Os subscritores”


Tal induz-me a pensar que a mentalidade humana está a mudar…

Há uns anos atrás tal Petição seria certamente uma afronta ao Estado e à maioria dos cidadãos…

Longe vai o tempo em que o povo se aglomerava para assistir a sacrifícios de cristãos pelos romanos ou para presenciar queimas de bruxas e hereges em praça pública…

O povo gostava de espetáculos sangrentos e divertia-se com o sofrimento alheio... a história assim o diz.

Ainda hoje, algumas dessas tradições ancestrais estão vincadamente enraizadas no tecido social português… a tourada é um exemplo!

Quer aceitemos ou não, a tourada não é cultura; é uma autêntica crueldade!

Trata-se realmente de uma questão civilizacional… é preciso sensibilidade para enxergar o sofrimento alheio… intolerável na sociedade atual!


Diz o ex-candidato à presidência da República, Manuel Alegre que “quem não percebe as touradas, não percebe a poesia, não percebe a literatura”.

Pois prefiro Saramago, Nobel da Literatura, que pelo menos, de literatura algo entenderá… e cito:

“Que importa que uma cidade faça da tortura premeditada de um animal indefenso uma festa coletiva que se repetirá, implacável, no ano seguinte? É isto cultura? É isto civilização? Ou será antes barbárie?”

(…)

“Um animal não pode se defender. Se você sente prazer com essa tortura, se você gosta da dor dele, se você gosta de ver esse animal sofrendo, então você não é um ser humano, você é um monstro”.



 Autor: Carlos Silva
 Data: 2020-09-30
 Imagem: Internet
 Obs.:
 Direitos reservados.




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