A doutrinação infantil é de tal forma tida como lícita que a maioria das pessoas a aceita e reconhece como virtude ancestral de utilidade pública.
Poucos reconhecerão, porém, que desta prática pastoral pode resultar uma espécie de vírus mental que impede os infetados de raciocinar e observar conscientemente a realidade interior e principalmente a exterior.
Tendo em conta o seu elevado grau de contágio e as graves consequências para a saúde, é, no mínimo, exigível que seja alvo de debate público por forma a minimizar os efeitos altamente nocivos para a sociedade.
Na verdade, não é sequer imprescindível uma vacina para combater esta espécie de vírus...
Basta simplesmente cessar a propagação de falácias e fantasias a inocentes crianças que evidentemente ainda não possuem mecanismos mentais que permitam efetuar racionalmente e conscientemente as suas opções de vida.
Basta simplesmente constatar a sua manifesta inutilidade.
Basta simplesmente informar a população sobre a gravidade desta prática e das suas consequências para o futuro das crianças.
O assunto é realmente muito grave… demasiado grave para ser tomado com leviandade.
Comprovadamente esta doutrinação condiciona e afeta o futuro da criança roubando-lhe a oportunidade de efetuar as suas escolhas.
Ninguém sabe ou não quer saber “onde acaba a verdade e começa a mentira”, sobretudo a comunicação social tida como livre e muito preocupada em escrutinar a “verdade dos factos” … ou melhor, de outros factos, porque estes parecem estar sempre fora de escrutínio, o que, decididamente, só se pode explicar pelo facto de também estar infetada pelo vírus.
A maioria da comunicação social, sobretudo a pública, transmite em horário nobre, programas e cerimónias de cariz religioso elaborados ao abrigo de um Protocolo celebrado com a Comissão das Confissões Religiosas que tem como suporte legal a Lei de Liberdade Religiosa.
Sobre a possibilidade de um programa de cariz ateísta/humanista com total liberdade de opinião e contraditório, tal decisão recairia sobre o Diretor de Informação que, de acordo com a sua própria doutrinação, decidiria sobre a sua viabilidade.
Claro que este tipo de programas seria muito polémico e provavelmente desencadearia muito alarido social… sobretudo porque incomodaria os visados e colocaria muita gente a pensar!
A maioria dos estados reconhece e protege a sua “religião” oficial e normalmente repele de forma musculada quem a ousa questionar ou denunciar. Na realidade é relativamente fácil perceber o porquê: ambos caminham de mãos dadas e o interesse é mútuo.
A maioria dos estados apoia a doutrinação religiosa de crianças porque dela pode retirar proveitos políticos. A religião, obviamente pelo interesse económico e pela necessidade de subsistência e sobrevivência.
Nenhum político, católico ou psiquiatra ousou, até ao momento, questionar publicamente a doutrinação infantil e muito menos denunciar algumas das suas mais graves consequências.
A doutrinação infantil é objetivamente um rapto de personalidade; um crime hediondo que à luz da realidade atual é tido como virtude social.
Levar crianças a acreditar convictamente numa fantasia pode comprometer o seu presente e sobretudo sacrificar o seu futuro!
Levar crianças a acreditar convictamente numa fantasia pode aniquilar uma vida… muitas vidas… muitas gerações!
Tomemos como exemplo os inúmeros casos de pedofilia no seio da Igreja Católica. Serão eles uma consequência desta doutrinação?
A clausura e guarda de inocentes crianças por parte da Igreja que em vez de proteger, usa, e em alguns casos, abusa para satisfazer os seus mais vis e lascivos instintos sexuais é intolerável!
Não será a pedofilia na Igreja também uma consequência desta doutrinação infantil, tendo em consideração a privação de clérigos de uma vida sexual natural… ou normal?
Claro que se pode ser religioso sem ser pedófilo!… mas a privação, a clausura física e mental, podem eventualmente levar a este comportamento.
Não podemos continuar calados e indiferentes a esta terrível realidade!
Foi recentemente tornado público que foi criada uma “Comissão Independente” que (diz), já ter “validadas 338 denúncias de abuso sexual no seio da “Igreja nacional””.
Tal “Comissão Independente” surgiu como uma espécie de resposta nacional ao enorme escândalo que eclodiu em França, em que, alegadamente, “330 mil crianças teriam sido vítimas de pedofilia na Igreja Católica”
Após a divulgação do escândalo em França, o Vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. António Marto, veio a público afirmar que, hoje, “em Portugal não existem casos concretos de pedofilia na Igreja”, justificando assim a desnecessidade da criação duma comissão para analisar a questão. "Ninguém, pelo menos até à data, tem queixas concretas sobre casos concretos", -afirmou na conferência de imprensa que encerrou mais uma assembleia plenária dos bispos portugueses, em Fátima. Por isso "não julgou necessário debater sobre a sua necessidade".
Como sempre, em Portugal praticamente nada aconteceu!
Como sempre em Portugal é um assunto proibido!
Como sempre em Portugal oculta-se o abusador!
Se analisarmos objetivamente os factos históricos e raciocinarmos um pouco, facilmente concluiremos porque é que as crenças (religiões, seitas…) têm sobrevivido ao longo de tanto tempo. Não é preciso ser muito perspicaz para deduzir que o objetivo principal desta doutrinação é a prossecução e sobrevivência das próprias crenças.
Tal seria completamente indiferente não fora o facto de ser feito à custa do estupro físico e intelectual de crianças e de cada nova geração!
Se analisarmos objetivamente os factos históricos e raciocinarmos um pouco, facilmente concluiremos que tal pode configurar uma ilicitude disfarçada de tradição.
É preciso debater publicamente “Doutrinação Infantil” sem medos nem segredos ou que tal se assemelhe a sacrilégio ou ofensa!
É preciso sobretudo proteger as crianças!
Autor: Carlos Silva
Data: 2022-07-03
Imagem: Internet
Obs.:
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