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0332. CEP



Em 2010, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) reuniu em Fátima, tendo, na altura, os bispos descartado completamente a ideia de ser criada uma Comissão para avaliar os casos de pedofilia no seio da Igreja Católica.

Em comunicado, referiram apenas que estavam "atentos à situação" e que se orientavam pelas “instruções do Vaticano” datadas de 2003, que referem que "o primeiro responsável é o bispo da diocese que terá de receber as denúncias, verificar se têm fundamento e posteriormente instaurar processo, respeitando a lei civil de cada país".


Em 2022, o bispo da diocese de Leira-Fátima, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, confessou publicamente que foram “abafados casos de abusos sexuais de menores na igreja católica”, pedindo “perdão às crianças vítimas de abusos sexuais” por parte de padres da igreja católica, garantindo que “os visados serão excluídos da igreja se forem condenados”.


Em fevereiro de 2023, o Reverendíssimo presidente da CEP recebeu o relatório da Comissão Independente (CI) para o Estudo de Abusos Sexuais contra Crianças no seio da Igreja Católica, elaborado com base em testemunhos reais de vítimas ocorridos nos últimos 70 anos, e a propósito do mesmo, referiu o seguinte:

“Recebemos com profunda emoção e agradecimento o vosso relatório” que vai ser lido “com toda a atenção” para “fazer jus aos dramas que foram revelados” e à “seriedade” do trabalho desenvolvido pelos membros da CI.

“Está marcada uma Assembleia Extraordinária da CEP para o início de março para “assumir” e “refletir” sobre o seu conteúdo. É uma “missão que recebemos de Deus””.


Se em 2010 a CEP não justificava a criação de uma Comissão de Avaliação, é de todo evidente que, depois de criada, e apresentado o seu rigoroso trabalho, terá mudado de opinião, uma vez que se verifica precisamente o contrário:

“512 casos documentados, cinco mil denunciados, decerto uma ínfima parte dos que se verificaram na realidade... demasiados para "descartar" a criação de uma Comissão!


Terá “Deus” dado por missão, ou ordenado ao CEP a ocultação de pedófilos?


Se em 2022 o Reverendíssimo presidente da CEP confessou que “foram abafados casos de abusos sexuais de menores na igreja católica; se pediu “perdão às crianças vítimas de abusos sexuais”; e se “os visados serão excluídos da igreja se forem condenados”; então, agora, o que realmente se impõe, é que seja feita justiça.

É preciso apurar responsabilidades de abusadores e encobridores, afastar os suspeitos dos abusos no ativo, e sobretudo proceder à indemnização das inúmeras vítimas.


Porque é que o sacerdócio continua a ser exclusivo a homens?

Porque é que os sacerdotes têm que viver em celibato?

Não serão estas medidas contrárias à natureza humana, e, de certa forma, estarem também na origem da pedofilia?


Mais do que assumir responsabilidades e pedir desculpa, impõe-se perceber o que terá estado na origem do fenómeno para que não se perpetue, o que obviamente não será tarefa fácil, tendo em conta que muitos desses “predadores sexuais” se encontram em seminários, colégios e paróquias, onde recebem e convivem em total liberdade com as vítimas, que, supostamente, deveriam estar sob a sua guarda.


Mais do que assumir responsabilidades e pedir desculpa, meu caro Reverendíssimo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), D. José Ornelas, é seu dever, denunciar e não ocultar os casos de pedofilia no seio da Igreja Católica e “instaurar os respetivos processos, respeitando a lei civil de cada país”.



Nota: D. José Ornelas referiria que a questão do apoio às vítimas relativamente às indemnizações, “é clara: tanto no Direito Canónico como no direito Civil. Se há um mal feito por alguém, esse alguém é que é o responsável pela indemnização”.


Autor: Carlos Silva
 Data: 2023-02-13
 Imagem: Internet
 Obs.:
 Direitos reservados.



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