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0358. Observar



Perante a imensidão do que desconheço

Observo a exiguidade do pouco que conheço


Observo reduzido a esta minha insignificância intelectual

Observo reduzido a esta minha condição de comum mortal

Observo aberto e liberto de todas as correntes

Observo aberto e liberto de todas as crenças

Observo observando o mais longe possível

Observo ciente que não serei plenamente sensível

Observo ciente que não pensarei tudo

Observo ciente que não saberei tudo


Observo apenas


Observo apenas o que posso aspirar

Observo apenas o que posso realizar

Não aspiro a qualquer genialidade de conhecimento

Não aspiro a qualquer intelectualidade de pensamento

Não aspiro a qualquer celebridade de firmamento

Não aspiro a qualquer espiritualidade de visionamento


Aspiro apenas a observar


Observar a limitação da minha interpretação

Observar tudo o que me rodeia sem qualquer limitação

Observar sem me importar o quão pode ser o fundo

Observar que no fundo pode até nem haver fundo

Observar o pouco que sei e o tanto que quero saber

Observar todos os que sabem ou dizem saber

Observar todo este universo desmedido e complexo

Observar todas as questões sem solução nexo e desconexo


Observo ciente que não sei realmente a verdade


Eis porque me limito apenas a ouvir e a pensar

Eis porque me limito apenas a sentir e a amar

Eis porque me limito apenas a interpretar

Eis porque me limito apenas a observar


Nesta minha breve passagem por este mundo



Autor: Carlos Silva
 Data: 2023-08-05
 Imagem: Internet
 Obs.:
 Direitos reservados.


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