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0416. Garraiada



O povo gosta de tradições taurinas!

A “garraiada” é uma das tradições mais antigas enraizadas na maioria das povoações do interior alentejano, onde o animal, normalmente uma vaca ou um touro de menor porte, é solto num recinto fechado e deixado à sua sorte, por entre correrias de inúmeros jovens havidos de novas experiências e sobretudo demonstrar o seu valor perante a efusiva plateia que regozija dentro e fora das grades.

O jovem sempre gostou de exibir a sua virilidade, a sua coragem e sobretudo a sua inteligência perante os demais animais...

O animal, fora do seu habitat natural, ao ver-se ameaçado e rodeado por um mar de gente, investe vigorosamente contra quem o ousa enfrentar… até que, finalmente, vencido pelo cansado, um destemido herói, acompanhado pelo seu clã, o enfrenta e neutraliza.

É o ponto mais alto e vibrante da festa... -quando corre bem!

É ali que se demarca território; que se demonstra quem é o mais forte; quem é o mais corajoso… até que se atinge o auge: a pega!

A adrenalina excede todos os limites num corpo que ferve entre o medo e a bravura!

A tradição é normalmente bem regada a álcool e sobretudo um ponto de encontro e convívio de amigos e conhecidos das lides tauromáquicas.

Por vezes, como o caso de hoje, o divertimento, extravasa a praça deixando o pobre animal sozinho a olhar para o espetáculo exterior: é a já habitual sessão de pancadaria coletiva sem qualquer regra... cada um dá sem saber a quem e leva sem saber de quem!

Festa brava sem pancadaria não é festa!... só os bravos entram na festa!

Festa brava para ser festa tem que ter pancadaria… dentro e fora da praça!... -uma espécie de segunda festa dentro da festa taurina.

O povo exulta e bate calorosamente palmas aos corajosos forcados que vão surgindo dentro e fora da praça!

O povo adora garraiadas… sobretudo com pancadaria!

Desta vez, tal como em muitas outras, sobretudo pelos inúmeros excessos alcoólicos, o espetáculo extravasa os limites da bravura e complica-se um pouco, pelo que é necessário chamar uma ambulância para socorrer feridos e as forças de segurança para acalmar a situação…

Finalmente, sobretudo pelo cansaço, é reposta a ordem e tudo regressa a calma.

Desta vez, tanto fora como dentro do recinto da festa brava, não morreria ninguém.

Tudo fica bem quando acaba bem!

 

Autor: Carlos Silva
Data: 2023-09-03
Imagem: Internet
Obs.:
Direitos reservados

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